Pergunta 1
O desenvolvimento Humano – Infância e contextos sociais
Palavras-chave:
- Socialização primária
· Socialização secundária
· Interacções
· Modelo de Bonfenbrenner - A Teoria Bioecológica dos sistemas
· Modelo de Vygotsky - Teoria Sociocultural de Vygotsky
· Infância
· Desenvolvimento físico
· Vinculação
· Separação/individuação
· Protecção e Segurança
Resumo: O desenvolvimento do indivíduo inicia-se no momento da fecundação, é dentro do ventre da mãe que o bebé começa a estabelecer um vínculo com esta e com a cultura onde se insere. A interacção com o meio ambiente que o rodeia é imediata e através dela o bebé vai permitir constituir-se, desenvolver-se e sobreviver - sociabilização. Dividido por diversas fases o ciclo do desenvolvimento humano abrange a infância, a adolescência, a idade adulta e por fim a velhice. Sendo a infância o inicio dessa viagem encontra-se estruturada em três fases fundamentais que abrangem os primeiros 12 anos de vida. Estes primeiros anos são de extrema importância devido às aquisições cognitivas e sociais adquiridas assim como pelo seu desenvolvimento físico mais vincado.
Socialização é a interiorização por parte de cada indivíduo das normas e valores da sociedade em que está inserido. É um processo de aprendizagem e adaptação determinante para a integração social, de interacção da criança com o meio envolvente. Existem 2 tipos de socialização: a socialização primária e a socialização secundária. A socialização primária é feita no seio familiar e ocorre durante os primeiros anos da infância. A socialização secundária ocorre quando o indivíduo se insere num novo contexto social – a escola, trabalho, um clube, etc. Para a criança a escola é o meio socializador que lhe vai transmitir os conhecimentos necessários a um desenvolvimento produtivo e social. A escola vai permitir à criança o alargamento da sua visão do mundo e o desenvolvimento das suas aquisições e competências. Vygotsky na sua Teoria Sociocultural defende que “só a boa educação conduz ao desenvolvimento” (Redescobrir Vygotsky, pág. 9). O desenvolvimento e a educação são um processo cooperativo onde a Zona de Desenvolvimento Proximidal é precursora da aquisição de novas competências, isto é, através da interacção entre pares, adultos ou alunos mais velhos, a criança consegue desenvolver as suas aquisições para níveis mais elevados conseguindo, desta forma, adquirir novas competências – neoformações. Para Vygotsky o desenvolvimento da criança está ligado à internalização de “signos e símbolos culturais”(Redescobrir Vygotsky, pág. 5). Considera a comunicação, verbal ou não-verbal, um precursor do desenvolvimento. Contudo, a criança não sofre influências passivamente, segundo o Modelo Bioecológico de Bronfenbrenner (modelo PPCT: pessoa, processo, contexto e tempo) a criança é um elemento activo no seu desenvolvimento (estabelece relações bidireccionais e recíprocas – processos proximais). Bonfenbrenner defende um conjunto de sistemas encaixados entre si que interferem e actuam no desenvolvimento da criança. Cada um desses sistemas é chamado por: micro, meso, exo e macro sistema e têm como fundamento o facto de não se limitarem a um único tempo/local imediato. Segundo Bonfenbrenner e Morris (1998) “o desenvolvimento infantil ocorre conforme a criança se envolve activamente com o ambiente físico e social” através dos processos proximais. Os processos proximais não são, pois, unidireccionais como já antes mencionado. O desenvolvimento humano dá-se ao longo de toda a vida do indivíduo e as suas aquisições vão-se desenvolvendo dentro dos processos proximais consoante as características da pessoa, o contexto onde está inserida, as continuidades sociais e as mudanças temporais a que está sujeita podendo, no entanto, estabelecer-se através de relações interpessoais ou com objectos e símbolos.
O desenvolvimento humano não é, contudo, linear e está associado ao crescimento e à maturação do indivíduo. É dividido por diversas fases sendo a primeira delas a infância. Estruturada em 3 fases etárias que englobam diferentes características: os dois primeiros anos de vida, pré-escolar e período escolar; a infância é considerada uma etapa fundamental, por Piaget, Freud e Erikson, pelas aquisições cognitivas e sociais que engloba.
Os primeiros dois anos de vida são caracterizados pelo período de crescimento mais acentuado da vida da criança, aumenta de peso, aprende a gatinhar, a andar, a falar. A necessidade de comunicação do bebé leva ao desenvolvimento da linguagem e o desenvolvimento cognitivo - cognição – toma um papel relevante na adaptação da criança ao meio envolvente. Nesta fase, principalmente nos primeiros 3/4 meses o bebé sente necessidade de criar laços emocionais com a mãe e outras figuras próximas – vinculação. Mary Ainsworth desenvolveu uma teoria de vinculação cujo resultado mostrou que o bebé tem necessidade de contacto físico com um outro ser humano. “Esta é uma necessidade social é tão necessária como o alimento ou o calor. Trata-se de uma necessidade inata e não aprendida”(Texto 5, pág. 20). Esta necessidade de afecto e contacto foi também estudada por Spitz, Harlow e Bowlby. A vinculação está directamente ligada ao sentimento de protecção e segurança de que o bebé precisa para se desenvolver, para arriscar a exploração do mundo que o rodeia sabendo que pode sempre voltar para junto dos pais. A idade pré-escolar (dos 2 aos 6 anos) é um período de mudanças significativas, a aquisição da linguagem, um grande desenvolvimento das capacidades de aprendizagem e uma evolução da motricidade grossa e fina da criança assim como das suas capacidades sociais e a adopção de uma atitude cada vez mais independente pode significar a separação/individuação por parte da criança. É nesta fase que a criança começa a construir a sua auto-estima, e por isso afasta-se das personagens que significam a vinculação (pais). O egocentrismo predominante nesta fase mostra a incapacidade da criança em compreender outro ponto de vista que não o seu, a incapacidade que tem em perceber sentimentos que não os seus permite à criança um avanço significativo da sua individuação. Na fase escolar (entre os 6 e os 12 anos – período de latência) a criança está fisicamente numa fase de aperfeiçoamento, adquire novas competências como ler e escrever e crescem mais lentamente. Socialmente interage activamente com os seus pares e professores, descobre novas regras e realidades mas também mais liberdade e novas oportunidades. É uma fase em que é conseguido o equilíbrio entre a vinculação e a separação pois a “necessidade de protecção e os valores e estilos da família não são postos em causa pela criança. A família é então o contexto de vida mais importante e a dependência é valorizada positivamente. Às grandes mudanças da primeira e segunda infância segue-se um período de acalmia no plano pulsional/afectivo e no plano das relações familiares” (texto 5, pág. 8).
Bibliografia
· Martins, Edna & Szymansky, Heloisa, A Abordagem Ecológica de Urie Bronfenbrenner Em Estudos Com Familias, Estudos e Pesquisas em Psicologia, UERJ, RJ, Ano 44, n.º 1, 1.º semestre 2004
- Tavares et al. (2007). Manual de Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem. Porto: Porto Editora.
- Texto 4, O Processo de Socialização, disponibilizado Online 2011
- Texto 5, O comportamento de vinculação, disponibilizado Online, 2011
- Redescobrir Vygotsky, Destacável da Revista Noesis N.º 77
· http://pt.shvoong.com/social-sciences/sociology/1732886-socializa%C3%A7%C3%A3o-seus-tipos/ - Ana Batista e Gonçalo Ambrósio (Fevereiro de 2011) – acedido online em Fevereiro de 2011
· Psicologia do Desenvolvimento. Disponível em: http://pt.scribd.com/doc/10880772/Psicologia-de-desenvolvimento [acedido em 17-03-2011